Como em muitos romances da geração à qual a banda pertence, o flerte começou pela internet, onde o já famoso sinal com as mãos é traduzido como “S2” – com alguma imaginação é possível enxergar um coração no espaço entre os dois caracteres. Embora eles tenham começado a tocar aos 12 anos, quando Pe Lanza ainda era Pedro Gabriel Lanza Reis e as roupas coloridas estavam longe de inspirar uma marca da banda, o Restart só ficou conhecido há dois anos, graças ao MySpace. A forte interação com os fãs ajudou a divulgar as primeiras músicas, colocadas à disposição do público para download.
“No primeiro show que fizemos depois de lançar as músicas no MySpace, a plateia já sabia todas as letras”, afirma o guitarrista Pelu, compositor da maioria dos sucessos da banda. A devoção dos primeiros fãs fez com que o Restart atingisse públicos maiores e ganhasse fama antes mesmo de chegar às rádios. O papel que desempenharam é reconhecido por toda a banda, que os apelidou de “família Restart”. Mesmo quando a banda se tornou um sucesso e as viagens ficaram mais frequentes, a internet continuou a ser uma maneira de manter a família Restart unida, por meio de mensagens em redes sociais.
Se o Restart e seus fãs são uma família, Pe Lanza é o filho preferido. Antes do sucesso, seu visual exótico provavelmente provocaria estranhamento. Após a fama, porém, ele se tornou um símbolo sexual adolescente: seu nome é o mais gritado pelas fãs, e um destaque constante nos cartazes com mensagens de amor. No Twitter, ele conta com 576 mil seguidores – apaixonados. “Ele tem um jeito humilde de ser, trata bem as fãs, está sempre brincando. E acho ele muito bonito, muito alegre”, diz Nathália Portal, de 15 anos, do fã-clube Street Team. “É o meu favorito pelo jeito como trata as fãs. Ele conversa com o público, representa muito para a galera”, diz a fisioterapeuta Vanessa Junqueira, de 24 anos, fundadora do fã-clube Esse Lanza em Mim. A elas, Pe Lanza responde no palco: “Vocês sempre vão estar com a gente bem aqui, ó”. Ali, bem no S2.
O sucesso de Pe Lanza com o público feminino logo chamou a atenção dos rapazes, que passaram a imitar seu estilo. Um exemplo é Edimar Gonçalves, de 18 anos – ou Edi Lanza, desde que assumiu a função de cover do cantor, há seis meses. Seu depoimento é um testemunho do poder transformador do Restart... e do amor. “Eu era um menino que quase não saía de casa. Falaram que eu era parecido com o Pe Lanza, aí deixei o cabelo crescer, comecei a usar as mesmas roupas que ele e sigo o mesmo estilo. Nossa senhora, em todo show a que eu vou as fãs me puxam, é muito legal. Às vezes elas até pagam para eu ir. Minha vida amorosa melhorou muito; é muito legal ver o carinho das meninas.”
Com tanta devoção dos fãs, só faltava o aval da crítica. Em 2010, a banda conquistou cinco prêmios no Video Music Brasil, principal premiação do rock nacional. O hit “Recomeçar” foi escolhido como melhor música no prestigiado Prêmio Multishow de Música Brasileira. A banda também foi homenageada como revelação no Prêmio de Música Digital – um tributo às origens de seu sucesso. As conquistas colocam a banda diante de um desafio: depois de conquistar o público e a crítica no Brasil, por onde continuar a espalhar o amor? O próximo álbum da banda, Restart by day, chega às lojas nesta semana com seis músicas em português e seis em espanhol. O lançamento incluiu apresentações no Uruguai e na Argentina, onde as músicas da banda já estão entre as mais tocadas nas rádios. Como diz Pe Lanza a seu público, “assim meu coraçãozinho não aguenta”.

No palco e na plateia, os shows são um espetáculo de roupas coloridas e corações. Para demonstrar a admiração pela banda, vale tudo: cartazes, mensagens, gritos e uniformes ao estilo de uma torcida organizada